Surtos alimentares causados por Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) são problemas decorrentes da ingestão de alimentos contaminados de forma física, química e biológica. devido a falhas no processo de fabricação, elaboração, conservação, exposição ou consumo de alimentos.
Cada uma destas formas de contaminação dos alimentos é denominada Perigos Alimentares.
Surtos Alimentares no Brasil – Dados Atualizados
Em situações especiais, quando pelo menos duas pessoas estão envolvidas, já se pode caracterizar um surto alimentar que pode variar de leve a grave, podendo levar ao óbito.
Surto alimentar é o aumento do número de casos de Doenças Transmitidas por Alimentos acima do limite esperado para a população envolvida naquele período específico.
É necessário a ocorrência de no mínimo 2 casos com o mesmo quadro clínico após a ingestão do mesmo alimento ou água de uma mesma origem e no mesmo período de tempo para se denominar surtos alimentares.
Praticamente todos os dias em algum lugar do mundo temos notícias de ocorrência de surtos alimentares.
Homens, mulheres, idosos e crianças envolvidos em casos de surtos alimentares leves e graves, com e sem mortes.
Nos últimos meses a OMS anunciou dados atualizados sobre as mortes causadas por Doenças Alimentares no mundo.
As Doenças Alimentares causam anualmente a morte de 420 mil pessoas e afetam a saúde e o bem estar de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, como diz relatório da OMS.
Muitas crianças sofrem com as Doenças Alimentares, por possuírem o sistema imunológico mais frágil, são mais suscetíveis à doenças e ainda segundo a OMS 30% das mortes anunciadas são de crianças com menos de 5 anos, vítimas do consumo de alimentos contaminados.
DTAs podem ser evitadas
Além das crianças, as regiões de baixa renda são as que mais apresentam casos de Doenças Alimentares, devido a pouca estrutura e a falta de conhecimento nas Boas Práticas necessárias para que contaminações alimentares sejam evitadas.
A África e o Sudeste Asiático são as regiões que mais sofrem com as Doenças Alimentares, apresentando a maior taxa de mortalidade no mundo com 320.000 mortes todo ano, seguido de 9.000 da Europa e 5.000 da América.
“Até agora, as estimativas sobre este problema eram vagas e imprecisas, e escondiam o custo humano real de alimentos contaminados. O relatório põe as coisas no lugar”, afirmou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan.
No final do ano passado foi divulgado que a vigilância sanitária do Texas estava fazendo o recolhimento de pacotes de carne moídas embaladas pela empresa All American Meats in Ohama, Nebraska, por ter sido encontradas amostras de Escherichia Coli em carnes examinadas.
A bactéria Escherichia Coli, mas comumente conhecida por E. Coli é um tipo de bactéria que está presente no intestino do ser humano, assim como outros tipos de bactérias também, porém não causam diarréias nem nenhum outro sintoma desagradável.
Porém se uma pessoa ingerir algum alimento contaminado por outro tipo de E. Coli, seu organismo irá reagir, por não reconhecer este tipo de bactéria, resultando então em uma DTA (Doença Transmitida por Alimento).
A bactéria E. Coli é potencialmente letal. Pode causar diversos sintomas nos consumidores sendo algum destes sintomas graves.
A pessoa que ingerir um alimento contaminado por E. Coli poderá apresentar desidratação, problemas digestivos, diarreia e até falência do fígado, cólicas intestinais severas, diarreia com sangue e vômito e febre em média de até 38,5°C.
O tempo de melhora é de 5 a 7 dias para infecções moderadas, porém infecções graves de E. coli podem levar á morte.
Ação da Vigilância Sanitária em relação a alimentos contaminados
Devido a gravidade que a contaminação de um alimento pela E. Coli pode causar para a segurança alimentar e o bem estar dos consumidores, foi tomada a decisão da vigilância sanitária deste estado americano de recolher todos as carnes pertencentes ao lote contaminado para que os consumidores sejam protegidos deste possível surto.
Além do recolhimento foi colocado um alerta sobre este alimento, sua validade e lote para que os consumidores possam identifica-lo e devolvê-lo aos supermercados.
Este caso nos coloca em alerta e os faz pensar em vários fatores e questionamentos:
- A segurança alimentar do consumidor que foi colocada em risco, se não tivesse sido identificada pela empresa amostras deste alimento contaminadas pela E. Coli
- A consequência que este surto de E. Coli traria, afinal estamos falando da contaminação alimentar por uma bactéria considerada grave e que pode causar a morte
- Em que momento do processo alimentar ocorreu a contaminação do produto pela E. Coli
- Quais foram as falhas durante o processo, o que não foi feito, onde foi perdido o controle?
- Como o produto foi liberado para venda antes de sair os resultados microbiológicos?
- O transtorno gerado para que a empresa possa recolher todo este lote do produto
- A imagem e a credibilidade da empresa que foi manchada por essa notícia
- A possível queda de vendas que a empresa terá, afinal os consumidores não se sentirão seguros para comprar desta marca neste momento
No ano passado a OMS divulgou também as principais causas de morte no mundo
A divulgação destes dados tem o objetivo de avaliar as causas destas doenças, promover melhorias nos métodos de controle e prevenção, colaborando para redução das incidências e das mortes causadas por elas.
Sabemos que a maioria das doenças diarreicas tem origem alimentar, ou seja, na ingestão de alimentos ou água contaminados, desta forma as doenças diarreicas entram nas estatísticas da OMS como uma das principais causas de morte no mundo.
Os principais sintomas de doenças transmitidas por alimentos são as dores abdominais e as diarreias que em casos graves podem causar desidratação severa que pode levar à morte.
Principal causa de contaminação de alimentos
A má manipulação de alimentos é a principal causa de contaminação dos mesmos e os microrganismos patogênicos os principais contaminantes.
A origem dos surtos alimentares são as casas, restaurantes, padarias, escolas, eventos, entre outros, e os manipuladores de alimentos são os principais veículos de contaminação.
Para evitar a ocorrência de doenças transmitidas por alimentos em casas e serviços de alimentação é importante seguir alguns cuidados como:
- Higienização correta das mãos, utensílios, embalagens e equipamentos que entram em contato com os alimentos
- Utilização de água potável, própria para consumo e para o preparo da alimentação
- Não consumir alimentos que apresentem sinais de apodrecimento, ou qualquer indício de degradação e mofos
- Conservar os alimentos em recipientes e temperaturas adequadas para evitar o crescimento microbiano.
- Higienizar bem os alimentos antes do consumo ou preparo
- Prestar atenção e utilizar alimentos dentro da data de validade
- Evitar a contaminação cruzada dos alimentos
- Realizar a higienização correta do ambiente para que se evite a proliferação de vetores e pragas urbanas
- Adoção das Boas Práticas de Manipulação dos Alimentos para garantia da segurança alimentar
Dessa forma é possível evitar contaminações em alimentos, que resultarão em doenças alimentares que podem causar diarreias.
Você sabe quais são os alimentos mais contaminados do Brasil? Para saber clique aqui
Caso de intoxicação alimentar
Ainda no ano passado foi divulgado um caso de surto alimentar onde quase 500 pessoas sofreram intoxicação alimentar após ingerir um sanduíche de frango com tomate e maionese, no café da manhã da escola Vaca Diez, na Bolívia.
Entre os afetados pela intoxicação alimentar estão, na maioria, crianças e cerca de 40 professores e funcionários.
Ao consumirem o lanche, alguns alunos reclamaram do gosto e do cheiro do alimento, que foi preparado por empresa terceirizada, algumas crianças se recusaram a comer.
Casos de surtos alimentares no Brasil
Garantia da Segurança Alimentar
Garantir a segurança alimentar de todos é um dever de todo profissional da área de alimentos e de todos os serviços de alimentação e industrias.
O consumidor tem o direito de se alimentar onde quiser, sem correr o risco de sofrer com sintomas indesejados que as Doenças Transmitidas por Alimentos podem causar.
O estabelecimento comercial é responsável pelas falhas ocorridas durante a manipulação dos alimentos que desencadeiam surtos alimentares.
Por isso há a necessidade de se aplicar controles de qualidade e a implantação das Boas Práticas de Manipulação de Alimentos para que se possa garantir a Segurança Alimentar dos Consumidores.
A investigação de surtos alimentares envolve as ações da Vigilância Epidemiológica detectando casos, identificando agentes (através do laboratório) e vias de transmissão, com a aplicação de estudos, para diagnosticar o problema.
Primeiramente há a ocorrência de um surto alimentar, cuja causa é uma falha no controle de qualidade durante a cadeia produtiva dos alimentos.
Em seguida é necessário que haja uma notificação imediata deste caso as autoridades competentes que tratam do assunto, Vigilância Sanitária e Vigilância Epidemiológia.
No momento da notificação de um surto, algumas informações básicas se fazem necessárias:
- Nome do envolvido
- Nome do notificante (pode ser a mesma pessoa)
- Local de ingestão (endereço completo)
- Número de pessoas envolvidas
- Número de pessoas doentes
- Dia e hora da ingestão
- Dia e hora do início dos sintomas
- Local de compra dos alimentos (quando for o caso)
- Cardápio
- Sintomas
- Se houve ou não hospitalização (local e quantas pessoas)
- Informar a existência ou não de sobras dos alimentos ingeridos e/ou das matérias-primas utilizadas. Havendo sobras, devem ser mantidas em refrigeração (não congelar) em recipientes separados, até a coleta realizada pela Equipe de Vigilância de Alimentos (EVA).
Função da Vigilância Sanitária
A Vigilância Sanitária tem a função de rastrear a cadeia de produção e identificar falhas e pontos críticos nos processos produtivos de alimentos e água .
A Vigilância Epidemiológica tem a função de investir casos de surtos alimentares, identificar agente e vias de transmissão, diagnosticar o problema.
As duas vigilâncias juntas precisam definir ações de controle e prevenção destes surtos alimentares.
Dessa forma, uma investigação de surto se embasa em três eixos principais:
- A investigação epidemiológica, onde são utilizados formulários com entrevistas aos envolvidos
- Investigação Laboratorial, com a coleta de amostras clínica de pacientes, alimentos, utensílios e água para a confirmação do agente etiológico, que complementa a investigação epidemiológica.
- A investigação Ambiental, com a realização de investigação do local de ocorrência/ambiente, sob a responsabilidade da Vigilância Sanitária. Estas ações são necessárias para a investigação da cadeia de produção de alimentos (desde a matéria-prima, seu transporte, manipulação/preparo/fabricação) até chegar ao consumidor, para se detectar os fatores contribuintes que possibilitaram o surgimento do surto. Assim, aspectos estruturais e de procedimentos (contaminação cruzada, modo de preparo, tempo/temperatura, manipuladores, conservação dos alimentos, exposição, higiene precária, etc..) devem ser observados cuidadosamente para que as medidas de correção sejam tomadas.
Papel do Consultor Alimentar
A atuação do Consultor Alimentar em serviços de alimentação vai muito além da obediência e adequação do local àquilo que a legislação exige, mas todas as mudanças realizadas devem ser voltadas para um único e mais importante objetivo a Segurança Alimentar de cada consumidor, para que surtos alimentares sejam evitados e vidas sejam poupadas.
E você consultor tem um papel muito importante perante tudo isso, sua atuação pode salvar vidas!
Essa é minha meta, esse é o meu objetivo. E você vem comigo?
Se você tem dúvidas sobre este assunto deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo!
Mayara Vale
Gostou da postagem? Vote Abaixo!