Você com certeza ouviu essa semana a notícia de que um achocolatado contaminado causou a morte de uma criança em Cuiabá (MT).
Na última quinta feira, dia 25 de agosto de 2016, a notícia de que um achocolatado contaminado causou a morte de uma criança virou manchete em jornais, na tv e em vários sites na internet.
Conheça o caso
A denúncia de que o achocolatado contaminado teria sido a causa da morte da criança foi feita pela mãe da criança, que após tomar uma caixinha de um achocolatado, começou a passar mal com falta de ar e desmaio. Foi levado ao hospital, porém teve uma parada cardiorrespiratória, e após 1 hora de tentativas de reanimação, a criança chegou ao óbito.
A mãe e um tio da criança chegaram a provar o achocolatado contaminado e também passaram mal, com sintomas como náusea e tonturas, sendo que o tio chegou a ir ao pronto socorro para ser atendido.
A marca de achocolatado que está sendo investigada é a Itambé.
Polícia e Vigilância Sanitária investigam o caso
O caso está sendo investigado pela polícia e pela vigilância sanitária, que determinou recolhimento do lote do achocolatado que está sendo investigado e proibiu a sua venda por 90 dias em todos os estados do país.
A causa da morte da criança está sendo investigada e as caixinhas do achocolatado que estavam na casa da vítima foram levadas para análise.
A empresa produtora deste achocolatado se pronuncio dizendo que realizou análises internas do lote mencionado e disse que nenhum problema foi encontrado na composição.
Deve ser aguardado agora os resultados dos exames na criança e nas caixinhas do achocolatado para que esse caso seja concluído e se saiba realmente se o achocolatado foi o causador da morte da criança e qual foi a causa da contaminação da bebida.
Notícias falsas que surgiram devido a este fato
Nas redes sociais saíram boatos de que outras crianças em outras cidades também teriam sido vítimas do achocolatado contaminado, mas nenhum destes casos foram confirmados.
Ao ler notícias como esta fico extremamente preocupada e entristecida por se tratar de uma morte relacionada a um alimento, algo que nós, profissionais da área de alimentos lutamos diariamente para evitar.
Cuidados a serem tomados durante a produção e elaboração dos alimentos
Sabemos que vários cuidados devem ser tomados em cada uma das etapas do processo de produção ou manipulação de um alimento para que a Segurança Alimentar do consumidor seja então garantida.
Desde a obtenção da matéria prima de qualidade, de um fornecedor idôneo, que também cumpra com as Boas Práticas, até o recebimento correto dos alimentos entregues no local onde será produzido ou manipulado o alimento que seja servido ao cliente, onde vários aspectos dos alimentos são verificados, como sua data de validade, sua aparência, odor, cor, textura, a integridade da embalagem, a temperatura correta de conservação do alimento, incluindo ainda a limpeza do caminhão e a higiene pessoal do entregador.
Após recebimento, mais cuidados devem ser tomados na etapa de armazenamento dos alimentos recebidos.
Conservação dos Alimentos
Alimentos refrigerados devem ser armazenados primeiro, rapidamente, em equipamentos que garantam a sua conservação em temperaturas de 0°C a 4°C, evitando-se assim o aumento da temperatura dos alimentos expondo-os a temperaturas de risco de crescimento microbiano que podem causar surtos alimentares.
Alimentos congelados devem ser armazenados em equipamentos que garantam temperaturas de -18°C a -12°C.
A temperatura destes equipamentos deve ser aferida diariamente, duas vezes ao dia, e as temperaturas aferidas devem ser registradas em planilhas de controle para que se possa garantir que os equipamentos estão mantendo os alimentos em temperatura de conservação de sua qualidade e também evitando crescimento microbiano.
As etapas de produção ou manipulação dos alimentos, vem a seguir e requer mais cuidados.
A começar pelo ambiente, equipamentos e utensílios utilizados durante essa etapa do processo, que precisam estar higienizados e em bom estado de conservação.
Manipuladores de alimentos
Além disso, os manipuladores que entrarão em contato com os alimentos, direta ou indiretamente, também precisam se preocupar com sua higiene pessoal, usando uniformes limpos, proteção para os cabelos, não usando barbas e adornos e realizando a higienização das mãos da forma correta e na frequência necessária para que os mesmos não sejam fontes de contaminação dos alimentos.
Durante a etapa de produção ou preparo dos alimentos é preciso ainda ter cuidados nos diferentes tipos de manipulação dos alimentos, como descongelamento, porcionamento, assamento, cozimento, fritura, montagem de pratos.
Em cada uma destas etapas os cuidados com a temperatura dos alimentos devem ser tomados, principalmente daqueles que estão expostos em banho-maria, rechauds e pistas frias.
Alimentos quentes devem ser distribuídos acima de 60ºC e alimentos frios devem ser distribuidos abaixo de 4°C.
Essas temperaturas devem ser aferidas e registradas em planilha de controle para a garantia de que estes alimentos estão sendo distribuídos em temperatura segura para o consumidor.
A importância do profissional capacitado
De forma bem resumida foi possível perceber quanta responsabilidade uma industria ou um serviço de alimentação tem para que seus produtos ou pratos cheguem até o cliente de forma segura, permitindo assim que o consumidor possa consumir o alimento que desejar sem que sua saúde ou seu bem estar estejam ameaçados.
O papel do profissional da área de alimentos tem extrema importância para coordenar cada uma destas etapas em que o alimento passa até chegar a mesa do consumidor, monitorando, avaliando e corrigindo falhas assim evitando que produtos contaminados cheguem até o consumidor.
Ainda não se pode afirmar que o achocolatado contaminado foi a causa direta da morte da criança, já que as análises e os exames ainda estão sendo feitos, mas se comprovado será mais uma vez o resultado de falhas durante o processo de produção de um alimento que não foi corrigida ou prevenida e que resultou em mais uma morte que poderia ter sido evitada.
Mais uma vez isso só nos mostra o quanto nós, profissionais da área de alimentos, ainda temos a fazer, o quanto nosso papel é importante, no ensino, na orientação, nos direcionamentos, na conscientização dos consumidores, dos fornecedores, dos produtores, dos manipuladores, para que casos como este não se repitam e vidas sejam poupadas todos os dias.
Leia a continuação deste caso clicando aqui
Mayara Vale
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